Dra. SÍLVIA JULIAN

Médica Infectologista

Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Infectologia

Hepatite C

Doença causada por vírus C da Hepatite, que agride o fígado podendo levar a cirrose após anos da aquisição, ou ao câncer de fígado. A história natural do vírus é marcada pela evolução silenciosa: muitas vezes, a doença é diagnosticada décadas depois da infecção.

Os sinais e sintomas são comuns às demais doenças crônicas do fígado e costumam manifestar-se apenas em fases mais avançadas da doença.

O HCV é um agente que raramente causa infecção aguda sintomática. Os sintomas são inespecíficos, autolimitados e a infecção é raramente diagnosticada na fase inicial, o vírus tem potencial de causar hepatite crônica em 80 % dos individuos. Estas características também afetam negativamente o diagnóstico da infecção, contribuindo para os números de portadores assintomáticos em todo o mundo. De acordo com a OMS (Organizacão Mundial da Saúde) existem mais de 185 milhões de pessoas infectadas no mundo. No Brasil, estima-se que existam, no Brasil, entre 1,4 e 1,7 milhão de portadores de hepatite C, e teve como formas preferenciais de transmissão o uso de drogas injetáveis, hemodiálise, transfusão de sangue e hemoderivados e outros procedimentos médicos invasivos, particularmente até o início dos anos 90, quando não havia exame que permitisse diagnosticar o portador do HCV.

Atualmente, as pessoas que usam drogas, injetáveis ou inaláveis, são um grupo de risco no Brasil, embora em número bem menor do que na Ásia, Europa e nos Estados Unidos. Entretanto, a transmissão do vírus não se restringiu a estes grupos. Assim, foram identificadas formas adicionais de transmissão em procedimentos estéticos (como manicure e pedicure); em piercings e tatuagens; e durante outros procedimentos de serviços de saúde (como tratamentos odontológicos, uso de seringas de vidro, endoscopia digestiva alta, por exemplo) e relações sexuais desprotegidas etc. A doença também encontrou oportunidades em populações que apresentam fatores adicionais de vulnerabilidade, como transtornos mentais e privação de liberdade. Estudo da Universidade de São Paulo aponta para população de risco acima de 40 anos.

Existem 6 tipos de virus C – chamado genótipos de 1 a 6 . No Brasil o genótipo mais comum é o 1, seguido pelo 2 e 3. O genótipo 1 é o que geralmente progride para hepatite crônica com mais facilidade, com menor taxa de cura e mais tempo de tratamento. O HCV é um agente que raramente causa infecção aguda sintomática. Os sintomas são inespecíficos, autolimitados e a infecção é raramente diagnosticada na fase inicial, o vírus tem potencial de causar hepatite crônica em 80 % dos individuos.

Atualmente ao se definir o momento de iniciar tratamento, faz-se o acompanhamento clínico e laboratorial, com a genotipagem (tipo da hepatite C), carga viral quantitativa do vírus no sangue, (PCR-RNA quantitativo) assim como ultrassonografia e em alguns casos – biópsia hepática, ou elastografia (exame que estima o grau de fibrose sem necessitar retirar fragmento hepático, sendo considerado procedimento não invasivo). Desta forma consegue-se avaliar em que situação o indivíduo está, do ponto de vista de acometimento hepático, para programar o tratamento.

Até 2015 o tratamento consistia num esquema duplo de medicações : uso de injeções de Peg Interferon e comprimidos de Ribavirina, com muitos efeitos colaterais, baixa tolerância, e cerca de 50 % de sucesso. Mas com a aquisição dos novos medicamentos pelo Ministério da Saúde, no final de 2015, dos chamados DAAs- antivirais de ação direta, o tratamento se tornou com maior potencial de cura (90-95%) e bem mais tolerável ao paciente, duração menor, retirado nas farmácias de alto custo do SUS. Assim, a partir de 2015, se configura uma nova era para a Hepatite C, no Brasil e no Mundo, se tornando doença curável para a grande maioria dos pacientes.